Em homenagem ao Rei do Baião, Ailana
Santana, Bruna Lima, Carol Brasil, Gabriela Freitas e Larissa da Silva (1º F) recriaram
“Respeita Januário”. O texto serviu de base para a encenação da equipe!
“Luana respeita Mariana”
Exu,
terra de Lua Gonzaga. Velha Mariana: a sua mãe, amiga, irmã e professora.
Aquela vida era tão boazinha e Lua não sabia. Acompanhava sua mãe no forró de
pé de serra. Dançava, cantava e tocava.
Certo
dia ganhou um violão, começou a ser independente e a tocar sozinha. O resultado
das apresentações trazia inteirinho para casa, seu pai colocava no bolso e só
lhe dava os pouquinhos.
Com o
tempo aprendeu a se embelezar e também a namorar, queria mesmo era casar. Pois
lá no sertão é assim... arranjou namorado, casa logo para não acabar ficando sozinha.
Mas a mãe do homem era brava, não gostava mesmo de Lua, e dizia que:
– Meu
filho não pode se casar com uma pessoa que se presta a tocar viola com outros homens!
Não mesmo!
Mas o
amor de Lua era tanto por Jeremias que um belo dia surgiu com uma novidade:
– Pai!
Estou grávida!
Seu pai
ficou zangado. Pegou a menina pelos braços, jogou-a na cama, trancou-a no
quarto e guardou a chave.
– Sua
sem-vergonha! Vou te bater! Se tu não casar vai para o olho da rua!
– Faz
isso não, pai! Faz isso não, painho!
Quem
podia lhe socorrer? Só a sua mãe, afinal, nunca tinha lhe batido.
– Me acuda,
mãe! Vem me acudi, mãezinha!
– Que
acudi que nada sujeita! Garota sem-vergonha!
– Sorta Lua,
Mariana!
– Sorta
que nada! Vou matar essa menina! Minha família nunca foi tão desrespeitada.
– Sorta Lua,
Mariana.
O seu
painho lhe soltou, a sua mazinha também. Mas a tristeza não a deixou aquela
noite. E no dia seguinte, veio com uma conversa mansa:
– Oh
mainha! O homem lá do bar me chamou para tocar um samba. Eu vou?
– Vá!
Mas traga o dinheiro!
Deu no
pé, fugiu, e foi para Fortaleza, Ceará. Viveu da música, da arte, conheceu um
carinha bacana que lhe ajudou a cuidar do seu filho, Mariano. Deu esse nome em
homenagem a sua mãe.
Juntou
dinheiro e foi realizar o seu sonho, ir para a cidade maravilhosa, Rio de Janeiro.
Começou a tentar a vida, tocando pelos bares como todo nordestino... Acreditou
tanto na sua capacidade que foi chamada por uma gravadora, começando também a
agradar e a vender bastante disco.
Mas com
o tempo bateu a saudade da sua Mariana. Quem diria? Lua agora era artista.
– Vou
ver mainha!16 anos sem ver aquela danada! Só quero fazer um desafio a ela,
quero ver se sou reconhecida.
Assim,
voltou para o sertão, chegou de madrugada na sua casa antiga, frente a frente
com ela. Viu umas coisas, espiou outras, tudo como antes.
– E
agora? Oh de casa! Oh de casa!
– Ninguém.
Aí se lembrou sabe de quê?
– Louvado
seja Jesus Cristo!
– Para
sempre seja louvado!
– Dona
Mariana?
– Sim,
senhora.
– Estou
vindo do Rio de Janeiro, Mariana. Trago um recado da filha da senhora. Traga um
copo d’água, que eu estou morrendo de sede.
Lua
ficou espiando pelo furinho da janela, viu a velha acendendo o candinheiro que clareou
tudo. Lá vem ela na sua direção, chegou à janela que a filha estava, abriu-a, colocou
o candinheiro na cara dela e perguntou:
– Quem é
a senhora?
– Lua,
sua filha!
– Oxente!
Isso é hora de você chegar sua “corna”! Cambada, “Lua chegou”!
Foi uma
felicidade que só. Ninguém dormiu mais naquela noite. Todos estavam surpresos.
Até de manhã a casa cheia.
– Canta Lua!
Canta para nós ver!
Pegou a
viola e fez a festa.
“Lua
respeita Mariana
Lua
respeita Mariana
Tu podes
ser famosa, mas tua mãe é mais tinhosa.
E com
ela ninguém vai, Lua.
Respeite
os seus pais
Respeite
os seus pais.”
Essa que
é a história!