quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O curta metragem "Uma vida inteira" e a crônica "O salto"

O Curta Metragem “Uma Vida Inteira”, dos diretores Bel Ribeiro e Ricardo Santini , com Alice Braga e Bruno Autran no elenco é baseado na crônica “O salto” de Antônio Prata. Ele mostra o retrato de anseios e preocupações de uma geração de jovens adultos independentes, focados em suas carreiras e carentes de afeto. Entre a primeira noite de um casal e a premonição do fim do relacionamento, pode caber uma vida inteira.
Gênero: Ficção
Subgênero: Prêmio Porta Curtas
Diretor: Bel Ribeiro, Ricardo Santini
Elenco: Alice Braga, Bruno Autran
Duração: 15 min Ano: 2012 Bitola: Digital
País: Brasil Local de Produção: SP
Cor: Colorido
Produção: Juliana Borges
Fotografia: Leo Ferreira
Roteiro: Bel Ribeiro, Ricardo Santini
Som Direto: Geraldo Ribeiro
Direção de Arte: Taisa M. Rodrigues
Figurino: Miki Shimosakai
Maquiagem: Ebony, Simone Souza
Produção Executiva: Bel Ribeiro, Magda Barbieri, Ricardo Santini
Finalização: Mayra Ferro, Quanta Post
Montagem: Marcio Hashimoto
Trilha Sonora: Fabio Góes

O salto

Antonio Prata 
A gente não tem como saber se vai dar certo. Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato — pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez, lá adiante: mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente — você acabou de sair da minha casa, seu cheiro ainda surge vez ou outra pelo quarto –, quem sabe não seremos felizes? Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas.
Passos improvisados de tango e risadas, no corredor do meu apartamento. Uma festa cheia de amigos queridos, celebrando alguma coisa que não saberemos direito o que é, mas que deve ser celebrada. Abraços, borrachudos, a primeira visão de seu necessaire (para que tanto creme, meu Deus?!), respirações ofegantes, camarões, cafunés, banhos de mar – você me agarrando com as pernas e tapando o nariz, enquanto subimos e descemos com as ondas — mãos dadas no cinema, uma poltrona verde e gorda comprada num antiquário, um tatu bola na grama de um sítio, algumas cidades domesticadas sob nossos pés, postais pregados com tachinhas no mural da cozinha e garrafas vazias num canto da área de serviço. Então, numa manhã, enquanto leio o jornal, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os dentes e andar ao mesmo tempo e saberei, com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas, que sou feliz.
Talvez, céus nublados e pancadas esparsas nos esperem mais adiante. Silêncios onde deveria haver palavras, palavras onde poderia haver carinho, batidas de frente, gritos até. Depois faremos as pazes. Ou não?
Tudo que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte – sobretudo, talvez, sorte — quem sabe, dê certo? Não é fácil. Tampouco impossível. E se existe essa centelha quase palpável, essa esperança intensa que chamamos de amor, então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios, perdermos a frágil segurança de nossas solidões e nos enlaçarmos em pleno ar. Talvez nos esborrachemos. Talvez saiamos voando. Não temos como saber se vai dar certo — o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão –, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto.


Veja: Alice Braga fala sobre o curta: http://www.youtube.com/watch?v=xe02WmbACtc

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sobre a felicidade


O que é ser feliz?

Por Daniel Santos

Certa vez, me perguntaram o que é felicidade? Na minha opinião, a felicidade são momentos de bem-estar plenos. Plenos, pois, não existe "meia-felicidade". Ou se está feliz ou não se está. A felicidade não tem hora nem lugar para acontecer. Ela chega de supetão, se apodera e domina o momento. Porém, é uma parábola: chega ao seu ápice, mas após ele, vai declinando até ir embora definitivamente.

Mas, o que me faz feliz? A simplicidade. Sim, ser feliz é ser simples. Não é preciso muito para alcançar a felicidade. Alguns acreditam que ser feliz é possuir o carro do ano, a bolsa que alguma atriz hollywoodiana ou a roupa que aquela personagem da novela das nove está usando. Ser feliz não está ligado a ter muito dinheiro ou bens materiais. Dinheiro é bom, isso não vou negar, mas às vezes traz mais preocupação do que sossego. Felicidade não nos deixa preocupados, mas sossegados. A felicidade está ligada ao imaterial e ao material também.




Para mim, ser feliz é ler um livro, tomar um sorvete, sair com quem eu gosto para os lugares que eu gosto, passar o domingo com a família, assistir a um filme de comédia ou romance, ouvir uma boa música, ser espontâneo, não seguir metodicamente a rotina, fazer aquilo o que as pessoas não têm coragem de fazer, me jogar numa piscina com roupa e tudo, sair pelas ruas correndo numa noite chuvosa; viver um romance que me arranque suspiros, que me traga prazer e tesão, que seja intenso assim como a luz do Sol. A minha lista não acaba por aqui. Ela é grande e tem continuação...

Porém, não vamos gastar nosso tempo enumerando o que nos faz feliz. Vamos partir para a prática, vamos ser feliz. A prática é melhor que o discurso. Então, não vamos perder tempo e ser feliz, meu povo, vamos aproveitar tudo de melhor e de simples que a vida nos oferece. É na simplicidade, ao meu ver, que encontramos a felicidade.


Daniel Santos num momento de felicidade com Mari, Lara e Isabella.



Felicidade

Por Heitor Cerqueira

Onde está a felicidade? Num carro? Numa viagem para outro país? Numa outra pessoa que você ama? Não. Tudo isso são apenas realizações. 

A sociedade faz com que você acredite que essas realizações sejam, de fato, a felicidade. A felicidade está dentro de cada um de nós, adormecida. A felicidade imposta pela sociedade por si só, é uma ilusão. Essa felicidade é ridícula. Devemos ser casados, devemos ser ricos, devemos ter carro bom para sermos felizes. Não é bem assim. A concepção de felicidade varia muito de pessoa para pessoa. Para algumas ter dinheiro basta, para outras apenas ter a pessoa amada ao seu lado é o suficiente. 




A felicidade não é algo material, não se pode comprar. Devemos aprender a buscar a felicidade dentro de nós, nas pequenas coisas que fazemos todos os dias. Comece a olhar para dentro de si e veja o potencial que você tem. Se valorize! Começará então a ser feliz!

Buscamos nossa felicidade em outra pessoa porque,talvez, se não conseguirmos ser felizes teremos alguém para culpar. Vamos nos livrar desses valores sobre a felicidade impostos e ser verdadeiramente felizes.     

Nosso escritor e sua amiga, Daniela Guimarães.
P.S.: Os autores são estudantes do IFBA/Mecânica (campus Salvador)

domingo, 14 de outubro de 2012

Carta aberta aos habitantes do Planeta Terra


Prezados moradores da Terra,

Chamo-me Nívia de Souza, sou brasileira e tenho dezesseis anos de idade. Percebi nos últimos quatro anos, um problema crescente nas sociedades deste planeta, ao qual denominamos de Terra. Muitas vezes ouvimos falar em amor, até dizemos saber o que é o amor, porém será que realmente sabemos? E se sabemos o que é, por que preferimos a tecnologia a este?

Segundo o dicionário Priberam de Língua Portuguesa, o amor é “sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa”. Esse conceito, contudo, encontra-se completamente distorcido em nossa sociedade, uma vez que já não sabe o que é proteger, aproximar-se ou conservar o ser pelo qual se tem um grande afeto, seja uma atração física ou uma afeição carinhosa.

Desde os primórdios da Humanidade, o amor vem permeando as relações humanas. Para mim, as transformações ocorreram devido a uma questão de mudança de hábitos, uma vez que o tempo no passado era muito mais valorizado e o poder de observação e conquista eram maiores. Hoje quase não se ouve falar em conquista sentimental, as pessoas se deixaram persuadir por ideais totalmente racionais. Tudo bem se necessitamos destes também, porém uma dose exacerbada leveda toda a massa.

Andando por Salvador, que é a minha cidade natal e atual, percebi que as pessoas se apegam facilmente a objetos. Karl Marx, por meio do marxismo histórico, já falava que somos racionais e ligados a objetos, a materiais. O que me deixa muito frustrada é: se podemos ter carne e osso dos nossos lados, por que então trocarmos tudo isso por plástico e ferro (tecnologia, celular, computador)? Seria então a falta de criatividade humana ou os pontos de descoberta sendo extintos assim como os dinossauros?! Se bem que, ninguém quer mais as coisas ao vivo, o amor torna-se uma palavra em meio a tantas outras, e nesse cotidiano ele perde o verdadeiro significado e a essência.

Muitos nessa manhã não acordaram porque estão mortos, e o que sentimos, o que pensamos quando sabemos disso? Simplesmente não pensamos mais nesse fato como algo surpreendente, pois ele já se tornou normal. Perdemos a aproximação com as pessoas. Passamos a julgar mais, a nos importar menos com a segurança do outro, com a realidade do outro, com o sentir do outro. Passamos a achar que tudo é normal. E o que me dizes do FaceBook?, Ownt, todo mundo tem amigos e os ama muito lá, mas será que é assim mesmo na realidade?! A resposta é não! Ninguém quer conservar verdadeiros amigos porque é muito mais fácil conseguir milhares de “amigos” que não sabem nem o nome de sua mãe.




Mas o que será que está acontecendo conosco? Verdadeiramente, a tecnologia vai vencer o amor?! É o fim do mundo! Acordem, precisamos sim da tecnologia que nos ajuda, mas precisamos amar mais, nos importar mais, conservar mais, viver mais ao vivo e a cores em carne e osso. Precisamos considerar o amor como uma virtude que todos temos, mas não sabemos bem administrar.

Queridos habitantes da Terra, saibam que não estamos sós. Estamos cercados e sendo bombardeados pelas nossas concepções e achismos que só fazem nos afundar num grande abismo, onde não há fé (aquilo que não se vê, mas sabe-se que existe), não há esperança (a última a morrer) e não há amor (o que precisamos).

A única solução então seria abandonarmos os fascínios individuais e nos apegarmos à coletividade. Claro que necessitamos das nossas particularidades, todavia necessitamos de pelo menos um amor para dividirmos o peso desta vida. E o que se faz com a tecnologia? Simples, continuará a ser aplicada para o desenvolvimento humano. Vamos deixar os sentimentos com os seres humanos!

E como diz um dos Apóstolos do Cristianismo em sua carta aos Coríntios: “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine... nada seria”.

Nívia estuda Eletrotécnica no IFBA, campus Salvador.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Memórias de um sargento de milícias HQ

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Nunca pus os pés em uma academia, não sou adepto de suplementos, nem se quer fiz a dieta da lua, do tomate, da maçã....


Tenho o hábito de assistir tevê, escutar rádio e ler jornais e revistas. Sempre percebi a atenção dada por esses meios de comunicação à construção de um corpo esteticamente ‘perfeito’. No auge dos meus 75 Kg, excesso de células adiposas e gordura localizada, nunca pus os pés em uma academia de ginástica, não sou adepto de suplementos, nem se quer fiz a dieta da lua, do tomate, da maçã ou da sopa e muito menos faço parte da geração perca 10 Kg em um mês.
 


 
Mas essa não é a realidade em que vivemos, por isso posso me orgulhar de dizer que sou uma exceção a regra. Pessoas saudáveis com o IMC em dia e com o humor estável, de um dia para o outro tornam-se completamente neuróticas ao abrir uma revista e ver um modelo todo trabalhado no photoshop com aqueles músculos torneados e as globais com a famosa cinturinha de pilão. Tanto a mídia quanto à publicidade faz isso de modo bem sutil, sem se quer que você perceba que tudo aquilo foi planejado para que a sua pessoa sinta culpa, mas muita culpa se a sua calça não couber mais na sua cintura! Vivemos numa ditadura da beleza em que as pessoas vivem em meio à insegurança, medo e angústia.

O que essa cultura dissemina é que se você é uma pessoa um pouco acima do peso, meio feio ou coisa do gênero dificilmente conseguirá um emprego que não seja atrás de um balcão e muito provavelmente não conseguirá ficar com a garota ou o garoto x ou y. E devido a tudo isso a sociedade cria um perfil de uma pessoa perfeita (o que não existe), vive-se em um lugar onde as mulheres precisam ser longilíneas e trabalhadas nas curvas, quase uma Barbie e onde os homens não podem faltar se quer um dia a academia, pois seu melhor amigo nunca foi o cão e sim o professor de educação física do ginásio 100% adepto do ADE.

O mau do século é a idade dos trinta: as mulheres são as que mais sofrem com tudo isso, o medo do aparecimento dos primeiros fios brancos, as celulites se intensificam cada vez mais sem falar nas rugas. A mulher começa a rejeitar o próprio corpo, sonha em ter quinze aninhos de novo e recorre a cirurgias plásticas produtos de beleza e dietéticos e sente-se culpada por ter envelhecido e por sua pele não ser mais a mesma. Pura ilusão!! A idade chega para todos independente do físico que se tenha.

Muita hipocrisia acreditar que você vai a uma academia de ginástica por uma questão de saúde, vai fazer uma dieta para ficar em dia com o seu médico, não se iluda: o pior cego é aquele que não quer enxergar, já dizem os clichês. Você faz tudo isso porque a mídia dita os padrões de beleza de uma sociedade totalmente incapaz de ter um bom relacionamento com o espelho. Não acredite em nada do que eles dizem, você é lindo mesmo que a tevê não diga!
 
Texto produzido por Paulo Roberto, aluno do IFBA (campus Salvador).