segunda-feira, 18 de junho de 2012

“Luana respeita Mariana”

Em homenagem ao Rei do Baião, Ailana Santana, Bruna Lima, Carol Brasil, Gabriela Freitas e Larissa da Silva (1º F) recriaram “Respeita Januário”. O texto serviu de base para a encenação da equipe!  

“Luana respeita Mariana” 

Exu, terra de Lua Gonzaga. Velha Mariana: a sua mãe, amiga, irmã e professora. Aquela vida era tão boazinha e Lua não sabia. Acompanhava sua mãe no forró de pé de serra. Dançava, cantava e tocava.
Certo dia ganhou um violão, começou a ser independente e a tocar sozinha. O resultado das apresentações trazia inteirinho para casa, seu pai colocava no bolso e só lhe dava os pouquinhos.
Com o tempo aprendeu a se embelezar e também a namorar, queria mesmo era casar. Pois lá no sertão é assim... arranjou namorado, casa logo para não acabar ficando sozinha. Mas a mãe do homem era brava, não gostava mesmo de Lua, e dizia que:
– Meu filho não pode se casar com uma pessoa que se presta a tocar viola com outros homens! Não mesmo!
Mas o amor de Lua era tanto por Jeremias que um belo dia surgiu com uma novidade:
– Pai! Estou grávida!
Seu pai ficou zangado. Pegou a menina pelos braços, jogou-a na cama, trancou-a no quarto e guardou a chave.
– Sua sem-vergonha! Vou te bater! Se tu não casar vai para o olho da rua!
– Faz isso não, pai! Faz isso não, painho!
Quem podia lhe socorrer? Só a sua mãe, afinal, nunca tinha lhe batido.
– Me acuda, mãe! Vem me acudi, mãezinha!
– Que acudi que nada sujeita! Garota sem-vergonha!
– Sorta Lua, Mariana!
– Sorta que nada! Vou matar essa menina! Minha família nunca foi tão desrespeitada.
– Sorta Lua, Mariana.
O seu painho lhe soltou, a sua mazinha também. Mas a tristeza não a deixou aquela noite. E no dia seguinte, veio com uma conversa mansa:
– Oh mainha! O homem lá do bar me chamou para tocar um samba. Eu vou?
– Vá! Mas traga o dinheiro!
Deu no pé, fugiu, e foi para Fortaleza, Ceará. Viveu da música, da arte, conheceu um carinha bacana que lhe ajudou a cuidar do seu filho, Mariano. Deu esse nome em homenagem a sua mãe.
Juntou dinheiro e foi realizar o seu sonho, ir para a cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Começou a tentar a vida, tocando pelos bares como todo nordestino... Acreditou tanto na sua capacidade que foi chamada por uma gravadora, começando também a agradar e a vender bastante disco.
Mas com o tempo bateu a saudade da sua Mariana. Quem diria? Lua agora era artista.
– Vou ver mainha!16 anos sem ver aquela danada! Só quero fazer um desafio a ela, quero ver se sou reconhecida.
Assim, voltou para o sertão, chegou de madrugada na sua casa antiga, frente a frente com ela. Viu umas coisas, espiou outras, tudo como antes.
– E agora? Oh de casa! Oh de casa!
– Ninguém. Aí se lembrou sabe de quê?
– Louvado seja Jesus Cristo!
– Para sempre seja louvado!
– Dona Mariana?
– Sim, senhora.
– Estou vindo do Rio de Janeiro, Mariana. Trago um recado da filha da senhora. Traga um copo d’água, que eu estou morrendo de sede.
Lua ficou espiando pelo furinho da janela, viu a velha acendendo o candinheiro que clareou tudo. Lá vem ela na sua direção, chegou à janela que a filha estava, abriu-a, colocou o candinheiro na cara dela e perguntou:
– Quem é a senhora?
– Lua, sua filha!
– Oxente! Isso é hora de você chegar sua “corna”! Cambada, “Lua chegou”!
Foi uma felicidade que só. Ninguém dormiu mais naquela noite. Todos estavam surpresos. Até de manhã a casa cheia.
– Canta Lua! Canta para nós ver!
Pegou a viola e fez a festa.
“Lua respeita Mariana
Lua respeita Mariana
Tu podes ser famosa, mas tua mãe é mais tinhosa.
E com ela ninguém vai, Lua.
Respeite os seus pais
Respeite os seus pais.”

Essa que é a história!


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