segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Enem - Redação


O GLOBO
4/11/12 - 21h29

RIO - Os professores de redação da Rede Pensi e do Sistema de Ensino GPI, Rafael Cunha, Raphael Torres e Daniel Jorge, elaboraram uma redação modelo para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012, cujo tema foi “A imigração para o Brasil no século XXI” e tinha textos de apoio sobre a vinda de bolivianos e haitianos. Leia e compare com a sua:

Uma nova canção

Índios, negros e brancos. Japoneses, haitianos e alemães. Essa histórica Torre de Babel compõe o quadro único da identidade étnico-cultural da pátria que hoje chamamos Brasil. Diante de tal perspectiva, seria paradoxal duvidar da capacidade de nossa nação acolher os novíssimos fluxos imigratórios que aqui aportam no século XXI. Como lidar com as nuanças do processo?
É preciso considerar, primeiramente, a questão da legalidade desses movimentos. Entraves diplomáticos e ausência de documentação básica fazem com que os novos habitantes se transformem em mais do que estrangeiros – estranhos. Prova disso são muitos latino-americanos que, impossibilitados de exercer atividades regulamentadas, submetem-se à informalidade e à exploração.
Por outro lado, a presença de imigrantes legais também pode provocar incômodos. O acirramento da competitividade no mercado pela chegada de trabalhadores qualificados – alguns, inclusive, europeus – dificulta a busca da utopia socioeconômica dos brasileiros. O mundo de Thomas More nunca pareceu tão romanticamente inalcançável.
Nesse contexto, muitas vezes, o cidadão se revela contrário à presença dos "invasores" em sua terra. Preconceito e, até mesmo, xenofobia – comportamentos repugnantes – acabam por ganhar projeção num cenário de suposta aceitação recíproca. Contrário à ideia aristotélica de pluralidade na desigualdade, o brasileiro desperdiça a chance de evoluir com o "novo".
Fica claro, portanto, que a tão exaltada sexta economia do mundo precisa ser mais capaz de considerar o lado humano de sua composição. Para isso, o Estado deve elaborar e efetivar leis e ações afirmativas de integração de imigrantes. A mídia precisa cumprir sua função social, aproximando diferentes culturas e ensinando a sociedade a olhar com mais zelo pelo outro. Talvez, assim, possamos um dia reescrever a Canção do Exílio, simbolizando o lar de – e para – todos: "Nossa terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá".


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ENEM - CRITÉRIOS PARA A CORREÇÃO DAS REDAÇÕES


As redações deverão ser corrigidas com base nas cinco competências expressas na Matriz do ENEM e traduzidas para uma situação específica de produção de texto.

Cada competência será avaliada por quatro critérios correspondentes aos conceitos insuficiente, regular, bom e excelente, convertidos, respectivamente, em níveis 1, 2, 3 e 4. Esses níveis serão representados por pontos, respectivamente, 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0.

I. Modelo de Análise da Redação do ENEM 




COMPETÊNCIA
Na situação de
produção textual

NÍVEIS





I





Demonstrar
domínio da norma
culta da língua
escrita.
1. Domínio precário da norma culta, com graves e frequentes
desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita.
2. Domínio razoável da norma culta, com desvios gramaticais,
de escolha de registro e de convenções da escrita, pouco aceitáveis nessa etapa de escolaridade.
3. Bom domínio da norma culta, com pontuais desvios gramaticais e de convenções da escrita.
4. Muito bom domínio da norma culta, com raros desvios gramaticais e de convenções da escrita.








II





Compreender a
proposta de
redação e aplicar
conceitos das
várias áreas de
conhecimento
para desenvolver
o tema, dentro
dos limites
estruturais do
texto dissertativo-argumentativo
1. Desenvolvimento tangencial do tema e apresentação embrionária do tipo de texto dissertativo-argumentativo; ou
desenvolvimento tangencial do tema e domínio razoável do tipo de texto dissertativo argumentativo; ou desenvolvimento razoável do tema e apresentação embrionária do tipo de texto dissertativo-argumentativo.
2. Desenvolvimento razoável do tema, a partir de considerações próximas do senso comum, e domínio precário do tipo de texto dissertativo-argumentativo.
3. Desenvolvimento razoável do tema e domínio razoável do
tipo de texto dissertativo-argumentativo.
4. Bom desenvolvimento do tema, a partir de um repertório
cultural produtivo e de considerações que fogem ao senso comum, e bom domínio do texto dissertativo-argumentativo.








III




  



Selecionar,
relacionar,
organizar e
interpretar
informações, fatos,
opiniões e
argumentos em
defesa de um
ponto de vista.
1. Apresenta informações, fatos e opiniões precariamente
relacionados ao tema.
2. Apenas apresenta informações, fatos e opiniões, ainda que pertinentes ao tema proposto, ou limita-se a reproduzir os argumentos constantes na proposta de redação.
3. Seleciona informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto, organizando-os e relacionando-os de forma pouco consistente em relação ao seu projeto de texto.
4. Seleciona, organiza e relaciona, de forma consistente, informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto em defesa do ponto de vista defendido em seu projeto de texto.





IV




Demonstrar
conhecimento
dos mecanismos
linguísticos
necessários
para a
construção da
argumentação.
1. Desarticulação das partes do texto.
2. Articulação precária das partes do texto, devido a problemas frequentes na utilização dos recursos coesivos.
3. Articulação razoável das partes do texto, com problemas eventuais na utilização dos recursos coesivos.
4. Boa articulação das partes do texto, sem problemas graves na utilização de recursos coesivos.








V



Elaborar
proposta de
solução para o
problema
abordado,
mostrando
respeito aos
valores
humanos e
considerando a
diversidade
sociocultural.
1. Não elabora explicitamente uma proposta e não fere os princípios dos valores humanos e da diversidade
sociocultural.
2. Esboça algumas ideias que podem ser o núcleo de
uma proposta, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
3. Elabora proposta genérica de intervenção sobre a problemática desenvolvida, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
4. Elabora proposta específica, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

A nota global da redação será dada pela média aritmética das notas atribuídas a cada uma das cinco competências específicas da redação.

A redação que não atender à proposta solicitada (competência II: tema/tipo de texto dissertativo-argumentativo) receberá o conceito D (desconsiderada). A redação em branco receberá o conceito B (em branco) e a redação com impropérios, desenhos ou outras formas propositais de anulação, receberá o conceito A (anulada). Em todos esses casos será atribuída nota zero às redações, sendo que o zero das redações em branco (B) é o único excluído do cálculo da média da nota de redação dos participantes.

Sucesso!!!!!!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O curta metragem "Uma vida inteira" e a crônica "O salto"

O Curta Metragem “Uma Vida Inteira”, dos diretores Bel Ribeiro e Ricardo Santini , com Alice Braga e Bruno Autran no elenco é baseado na crônica “O salto” de Antônio Prata. Ele mostra o retrato de anseios e preocupações de uma geração de jovens adultos independentes, focados em suas carreiras e carentes de afeto. Entre a primeira noite de um casal e a premonição do fim do relacionamento, pode caber uma vida inteira.
Gênero: Ficção
Subgênero: Prêmio Porta Curtas
Diretor: Bel Ribeiro, Ricardo Santini
Elenco: Alice Braga, Bruno Autran
Duração: 15 min Ano: 2012 Bitola: Digital
País: Brasil Local de Produção: SP
Cor: Colorido
Produção: Juliana Borges
Fotografia: Leo Ferreira
Roteiro: Bel Ribeiro, Ricardo Santini
Som Direto: Geraldo Ribeiro
Direção de Arte: Taisa M. Rodrigues
Figurino: Miki Shimosakai
Maquiagem: Ebony, Simone Souza
Produção Executiva: Bel Ribeiro, Magda Barbieri, Ricardo Santini
Finalização: Mayra Ferro, Quanta Post
Montagem: Marcio Hashimoto
Trilha Sonora: Fabio Góes

O salto

Antonio Prata 
A gente não tem como saber se vai dar certo. Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato — pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez, lá adiante: mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente — você acabou de sair da minha casa, seu cheiro ainda surge vez ou outra pelo quarto –, quem sabe não seremos felizes? Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas.
Passos improvisados de tango e risadas, no corredor do meu apartamento. Uma festa cheia de amigos queridos, celebrando alguma coisa que não saberemos direito o que é, mas que deve ser celebrada. Abraços, borrachudos, a primeira visão de seu necessaire (para que tanto creme, meu Deus?!), respirações ofegantes, camarões, cafunés, banhos de mar – você me agarrando com as pernas e tapando o nariz, enquanto subimos e descemos com as ondas — mãos dadas no cinema, uma poltrona verde e gorda comprada num antiquário, um tatu bola na grama de um sítio, algumas cidades domesticadas sob nossos pés, postais pregados com tachinhas no mural da cozinha e garrafas vazias num canto da área de serviço. Então, numa manhã, enquanto leio o jornal, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os dentes e andar ao mesmo tempo e saberei, com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas, que sou feliz.
Talvez, céus nublados e pancadas esparsas nos esperem mais adiante. Silêncios onde deveria haver palavras, palavras onde poderia haver carinho, batidas de frente, gritos até. Depois faremos as pazes. Ou não?
Tudo que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte – sobretudo, talvez, sorte — quem sabe, dê certo? Não é fácil. Tampouco impossível. E se existe essa centelha quase palpável, essa esperança intensa que chamamos de amor, então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios, perdermos a frágil segurança de nossas solidões e nos enlaçarmos em pleno ar. Talvez nos esborrachemos. Talvez saiamos voando. Não temos como saber se vai dar certo — o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão –, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto.


Veja: Alice Braga fala sobre o curta: http://www.youtube.com/watch?v=xe02WmbACtc

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sobre a felicidade


O que é ser feliz?

Por Daniel Santos

Certa vez, me perguntaram o que é felicidade? Na minha opinião, a felicidade são momentos de bem-estar plenos. Plenos, pois, não existe "meia-felicidade". Ou se está feliz ou não se está. A felicidade não tem hora nem lugar para acontecer. Ela chega de supetão, se apodera e domina o momento. Porém, é uma parábola: chega ao seu ápice, mas após ele, vai declinando até ir embora definitivamente.

Mas, o que me faz feliz? A simplicidade. Sim, ser feliz é ser simples. Não é preciso muito para alcançar a felicidade. Alguns acreditam que ser feliz é possuir o carro do ano, a bolsa que alguma atriz hollywoodiana ou a roupa que aquela personagem da novela das nove está usando. Ser feliz não está ligado a ter muito dinheiro ou bens materiais. Dinheiro é bom, isso não vou negar, mas às vezes traz mais preocupação do que sossego. Felicidade não nos deixa preocupados, mas sossegados. A felicidade está ligada ao imaterial e ao material também.




Para mim, ser feliz é ler um livro, tomar um sorvete, sair com quem eu gosto para os lugares que eu gosto, passar o domingo com a família, assistir a um filme de comédia ou romance, ouvir uma boa música, ser espontâneo, não seguir metodicamente a rotina, fazer aquilo o que as pessoas não têm coragem de fazer, me jogar numa piscina com roupa e tudo, sair pelas ruas correndo numa noite chuvosa; viver um romance que me arranque suspiros, que me traga prazer e tesão, que seja intenso assim como a luz do Sol. A minha lista não acaba por aqui. Ela é grande e tem continuação...

Porém, não vamos gastar nosso tempo enumerando o que nos faz feliz. Vamos partir para a prática, vamos ser feliz. A prática é melhor que o discurso. Então, não vamos perder tempo e ser feliz, meu povo, vamos aproveitar tudo de melhor e de simples que a vida nos oferece. É na simplicidade, ao meu ver, que encontramos a felicidade.


Daniel Santos num momento de felicidade com Mari, Lara e Isabella.



Felicidade

Por Heitor Cerqueira

Onde está a felicidade? Num carro? Numa viagem para outro país? Numa outra pessoa que você ama? Não. Tudo isso são apenas realizações. 

A sociedade faz com que você acredite que essas realizações sejam, de fato, a felicidade. A felicidade está dentro de cada um de nós, adormecida. A felicidade imposta pela sociedade por si só, é uma ilusão. Essa felicidade é ridícula. Devemos ser casados, devemos ser ricos, devemos ter carro bom para sermos felizes. Não é bem assim. A concepção de felicidade varia muito de pessoa para pessoa. Para algumas ter dinheiro basta, para outras apenas ter a pessoa amada ao seu lado é o suficiente. 




A felicidade não é algo material, não se pode comprar. Devemos aprender a buscar a felicidade dentro de nós, nas pequenas coisas que fazemos todos os dias. Comece a olhar para dentro de si e veja o potencial que você tem. Se valorize! Começará então a ser feliz!

Buscamos nossa felicidade em outra pessoa porque,talvez, se não conseguirmos ser felizes teremos alguém para culpar. Vamos nos livrar desses valores sobre a felicidade impostos e ser verdadeiramente felizes.     

Nosso escritor e sua amiga, Daniela Guimarães.
P.S.: Os autores são estudantes do IFBA/Mecânica (campus Salvador)

domingo, 14 de outubro de 2012

Carta aberta aos habitantes do Planeta Terra


Prezados moradores da Terra,

Chamo-me Nívia de Souza, sou brasileira e tenho dezesseis anos de idade. Percebi nos últimos quatro anos, um problema crescente nas sociedades deste planeta, ao qual denominamos de Terra. Muitas vezes ouvimos falar em amor, até dizemos saber o que é o amor, porém será que realmente sabemos? E se sabemos o que é, por que preferimos a tecnologia a este?

Segundo o dicionário Priberam de Língua Portuguesa, o amor é “sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa”. Esse conceito, contudo, encontra-se completamente distorcido em nossa sociedade, uma vez que já não sabe o que é proteger, aproximar-se ou conservar o ser pelo qual se tem um grande afeto, seja uma atração física ou uma afeição carinhosa.

Desde os primórdios da Humanidade, o amor vem permeando as relações humanas. Para mim, as transformações ocorreram devido a uma questão de mudança de hábitos, uma vez que o tempo no passado era muito mais valorizado e o poder de observação e conquista eram maiores. Hoje quase não se ouve falar em conquista sentimental, as pessoas se deixaram persuadir por ideais totalmente racionais. Tudo bem se necessitamos destes também, porém uma dose exacerbada leveda toda a massa.

Andando por Salvador, que é a minha cidade natal e atual, percebi que as pessoas se apegam facilmente a objetos. Karl Marx, por meio do marxismo histórico, já falava que somos racionais e ligados a objetos, a materiais. O que me deixa muito frustrada é: se podemos ter carne e osso dos nossos lados, por que então trocarmos tudo isso por plástico e ferro (tecnologia, celular, computador)? Seria então a falta de criatividade humana ou os pontos de descoberta sendo extintos assim como os dinossauros?! Se bem que, ninguém quer mais as coisas ao vivo, o amor torna-se uma palavra em meio a tantas outras, e nesse cotidiano ele perde o verdadeiro significado e a essência.

Muitos nessa manhã não acordaram porque estão mortos, e o que sentimos, o que pensamos quando sabemos disso? Simplesmente não pensamos mais nesse fato como algo surpreendente, pois ele já se tornou normal. Perdemos a aproximação com as pessoas. Passamos a julgar mais, a nos importar menos com a segurança do outro, com a realidade do outro, com o sentir do outro. Passamos a achar que tudo é normal. E o que me dizes do FaceBook?, Ownt, todo mundo tem amigos e os ama muito lá, mas será que é assim mesmo na realidade?! A resposta é não! Ninguém quer conservar verdadeiros amigos porque é muito mais fácil conseguir milhares de “amigos” que não sabem nem o nome de sua mãe.




Mas o que será que está acontecendo conosco? Verdadeiramente, a tecnologia vai vencer o amor?! É o fim do mundo! Acordem, precisamos sim da tecnologia que nos ajuda, mas precisamos amar mais, nos importar mais, conservar mais, viver mais ao vivo e a cores em carne e osso. Precisamos considerar o amor como uma virtude que todos temos, mas não sabemos bem administrar.

Queridos habitantes da Terra, saibam que não estamos sós. Estamos cercados e sendo bombardeados pelas nossas concepções e achismos que só fazem nos afundar num grande abismo, onde não há fé (aquilo que não se vê, mas sabe-se que existe), não há esperança (a última a morrer) e não há amor (o que precisamos).

A única solução então seria abandonarmos os fascínios individuais e nos apegarmos à coletividade. Claro que necessitamos das nossas particularidades, todavia necessitamos de pelo menos um amor para dividirmos o peso desta vida. E o que se faz com a tecnologia? Simples, continuará a ser aplicada para o desenvolvimento humano. Vamos deixar os sentimentos com os seres humanos!

E como diz um dos Apóstolos do Cristianismo em sua carta aos Coríntios: “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine... nada seria”.

Nívia estuda Eletrotécnica no IFBA, campus Salvador.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Memórias de um sargento de milícias HQ

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Nunca pus os pés em uma academia, não sou adepto de suplementos, nem se quer fiz a dieta da lua, do tomate, da maçã....


Tenho o hábito de assistir tevê, escutar rádio e ler jornais e revistas. Sempre percebi a atenção dada por esses meios de comunicação à construção de um corpo esteticamente ‘perfeito’. No auge dos meus 75 Kg, excesso de células adiposas e gordura localizada, nunca pus os pés em uma academia de ginástica, não sou adepto de suplementos, nem se quer fiz a dieta da lua, do tomate, da maçã ou da sopa e muito menos faço parte da geração perca 10 Kg em um mês.
 


 
Mas essa não é a realidade em que vivemos, por isso posso me orgulhar de dizer que sou uma exceção a regra. Pessoas saudáveis com o IMC em dia e com o humor estável, de um dia para o outro tornam-se completamente neuróticas ao abrir uma revista e ver um modelo todo trabalhado no photoshop com aqueles músculos torneados e as globais com a famosa cinturinha de pilão. Tanto a mídia quanto à publicidade faz isso de modo bem sutil, sem se quer que você perceba que tudo aquilo foi planejado para que a sua pessoa sinta culpa, mas muita culpa se a sua calça não couber mais na sua cintura! Vivemos numa ditadura da beleza em que as pessoas vivem em meio à insegurança, medo e angústia.

O que essa cultura dissemina é que se você é uma pessoa um pouco acima do peso, meio feio ou coisa do gênero dificilmente conseguirá um emprego que não seja atrás de um balcão e muito provavelmente não conseguirá ficar com a garota ou o garoto x ou y. E devido a tudo isso a sociedade cria um perfil de uma pessoa perfeita (o que não existe), vive-se em um lugar onde as mulheres precisam ser longilíneas e trabalhadas nas curvas, quase uma Barbie e onde os homens não podem faltar se quer um dia a academia, pois seu melhor amigo nunca foi o cão e sim o professor de educação física do ginásio 100% adepto do ADE.

O mau do século é a idade dos trinta: as mulheres são as que mais sofrem com tudo isso, o medo do aparecimento dos primeiros fios brancos, as celulites se intensificam cada vez mais sem falar nas rugas. A mulher começa a rejeitar o próprio corpo, sonha em ter quinze aninhos de novo e recorre a cirurgias plásticas produtos de beleza e dietéticos e sente-se culpada por ter envelhecido e por sua pele não ser mais a mesma. Pura ilusão!! A idade chega para todos independente do físico que se tenha.

Muita hipocrisia acreditar que você vai a uma academia de ginástica por uma questão de saúde, vai fazer uma dieta para ficar em dia com o seu médico, não se iluda: o pior cego é aquele que não quer enxergar, já dizem os clichês. Você faz tudo isso porque a mídia dita os padrões de beleza de uma sociedade totalmente incapaz de ter um bom relacionamento com o espelho. Não acredite em nada do que eles dizem, você é lindo mesmo que a tevê não diga!
 
Texto produzido por Paulo Roberto, aluno do IFBA (campus Salvador).

domingo, 23 de setembro de 2012

Ifba e você- Tecendo um novo futuro

Tem momentos da vida que nunca esquecemos! Dentre eles, sempre vou me lembrar de quando peguei um trem pela 1ª vez. Sabia que teria paradas turbulentas e outras mais calmas, que haveria pessoas que ficarão desde o início, e outras que irão pelo meio do caminho. Durante o percurso, eu estava ciente de que iria aprender a trilhar novos caminhos. Veria novas paisagens! Por isso, eu não sou a mesma depois de embarcar no trem. Essa é a minha trajetória no Instituto Federal da Bahia. Serão 4 anos inesquecíveis que não se constituíram apenas por notas, trabalhos e atividades em grupos, mas sim, por emoções, laços de amizades e lembranças.

O Ifba, tal qual esse trem, me levará para novos rumos na grande estrada da vida. E quem não gostaria de estudar nessa dádiva? Afinal, o Ifba não é uma instituição respeitada apenas pelo seu histórico acadêmico, mas principalmente porque respeita a individualidade do aluno e permite que a aplicação desse conhecimento ocorra em sua diversidade. Como aluna, eu percebi que mesmo sendo uma instituição voltada para o ensino profissionalizante técnico, ela não anula movimentos artísticos e concede uma expansão científica para que o aluno não fique restrito apenas ao que o educador lhe oferece. É por tantas qualidades, que a antiga “Escolas de Aprendizes Artífices” se torna a aspiração de muitos.

Relembramos o passado, analisamos o presente para ter a possibilidade de planejar o futuro. Por isso, esse momento tão importante para instituição, motiva-me a pensar em como manter a qualidade do instituto e melhorá-lo cada vez mais. “Vamos de mãos dadas pois o tempo é presente” e precisamos aproveitar esse tempo para por em prática melhorias no Ifba que tanto almejamos. Por exemplo, existe realmente entre os cursos uma integração? Não seria um paradoxo, afirmar que um aluno de Edificações tem capacidade de elaborar projetos para grandes empresas, se o seu foco não é melhorar as estruturas da instituição que o formou? Ou se uma máquina do laboratório de química quebrar, por que não transformá-la em um exercício para os alunos de mecânica?

Já dizia João Cabral de Melo, “um galo sozinho não tece uma manhã...”. Um aluno sozinho não transforma sua escola, “ele precisará sempre de outros galos”, professores e alunos que estejam dispostos a mudar para construir uma Instituição melhor. Vamos juntos tecer a história do Ifba! Afinal, o que é a história se não a vida dos homens num processo contínuo. Que venha mais 102 anos! Contentar-se com o que temos é muito pouco para mantermos esse legado. É preciso, cada vez mais, que nós como parte dessa família, venhamos a enriquecer essa vasta herança do Antigo ETFBA. 
 

Como no fim de uma viajem de trem tudo tem seu princípio e desfecho, da minha trajetória no Ifba não irei levar apenas boletins, certificado de conclusão e Diplomas, mas sim valores para toda a vida. A Escola que surgiu para formar filhos de "trabalhadores" para o mercado de trabalho, parece agora ter virado o "sonho de consumo" da classe média. Mas ainda assim, e talvez por isso, valeu a pena ter enfrentado uma verdadeira batalha para estar entre o grupo seletivo dos alunos do Instituto Federal da Bahia.
 
Texto de Elizabete de Araujo Souza, em homenagem ao aniversário do IFBA.
Bete é estudante de Química, modalidade integrada, campus Salvador.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pensamentos ambulantes

Às vezes, é chato ser aquela mesma pessoa,
às vezes, mudar de atitude é necessário,
às vezes, eu quero confrontar o que eu disse,
para depois, querer confrontar o mundo.


Às vezes, gosto de gostar e desgostar,
para sentir o doce e o amargo.
Às vezes, sou personagem,
um ator,
mocinho ou vilão.
 
Sempre digo,
depois nunca afirmo,
não vi,
não escutei,
não falei,
sempre falo o agora,
este agora, que já se passou.

 
Paráfrase da música Metamorfose Ambulante, Raul Seixas, produzida por Ian Francis, estudante do curso de Edificações  (IFBA - campus Salvador).
 

Concurso de microcontos


domingo, 2 de setembro de 2012

A MELHOR IDADE

Depois de viver longos anos, será que os idosos continuam sendo felizes? Os cuidados que tiveram para com os seus filhos, hoje são reconhecidos ou retribuídos?

                                                    Por Ana Paula Marques, Bianca Souto e Caroline Farias

Muitas vezes, ouve-se falar, em reportagens e noticiários, fatos de abandono e maus tratos contra idosos. Segundo os especialistas, a falta de bom senso e compreensão faz com que filhos e parentes acabem por realizar tais atrocidades. Sem ter para onde ir, vários acabam indo parar em lares de idosos, organizações que acolhem e cuidam para que essa situação se amenize . Esse é o caso do Lar de Idosos Santa Bárbara, localizado na ladeira da Soledade, em frente ao Colégio Soledade, ao lado do Instituto de cegos e surdos da Bahia, que abrigando 13 idosos, muitos deles com problemas psicológicos, passa por muita dificuldade para manter-se em funcionamento.
Essa instituição foi fundada em 2002, a partir de uma indenização de trabalho recebido por um dos fundadores do abrigo. Com o dinheiro em mãos e com o apoio da família, resolveu investir em um trabalho social bastante gratificante, em um terreno alugado, com custo mensal de R$ 1.400. A princípio, eram apenas dois idosos e depois, com as indicações de outros lares, a família foi crescendo até chegar ao número que tem hoje.
Apesar das dificuldades, o abrigo responsabiliza-se por tudo. “Pegue um idoso que não tem beneficio, que não tem recurso e que não tem família, e aqui ele vai ser por conta da gente, a casa tem que arcar com tudo”, diz Cristina uma das responsáveis do abrigo. Além disso, os três funcionários ainda têm que lidar, muitas vezes, com o descaso por parte das famílias dos seus pacientes: “Tem família que vem só para fazer o pagamento, aí paga e vai embora. Tem outros que vem com frequência para visitá-los, mas na maior parte, a família não vem ver, entrega o beneficio (mensalidade) e deixa eles aqui, então somos nós, o Ministério Público e Deus”, completa Cristina.
Cristina, responsável pelo abrigo.
São muitos os idosos que dependem dessa instituição, porém o Ministério Público exigiu que o lar realizasse uma série de reformas para proporcionar um melhor conforto para os pacientes do local, caso contrário poderia correr o risco de ser fechado. Sem ter condições de arcar com tais custos, o abrigo depende de donativos de todas as espécies, desde pisos antiderrapantes, corrimãos, areia, arenoso, cimento, até lençóis e alimentos.

Cabe destacar que a maioria dos idosos do local já passou por diversas dificuldades, como é o caso de Antônio de Jesus, 64 anos, que depois de sofrer um grave acidente que resultou na perda da sua visão, mostra toda a sua força e fé em Deus afirmando: “Estou feliz, estou gostando, estou muito bem, graças a Deus”.
“Não choro, não fico triste, por que meu coração é limpo, mas sou decidido.” 
(Antônio de Jesus , 64 anos)

Há quanto tempo está aqui no abrigo?
Em nome do Senhor Jesus, vim no dia 13 de julho de 2012.
O senhor está aqui por necessidade?
Por necessidade, eu vim por necessidade, precisei vim. Não pude ficar mais ficar sozinho em casa, por que não podia mais cozinhar, não podia mais varrer a casa, nem limpar nada, então a filha do vizinho me trouxe aqui, para eu fazer o tratamento, para conseguir, com fé em Deus, voltar para casa. Eu me virava muito bem, mas depois que fiquei cego, não pude mais fazer nada sozinho. Antes eu costumava sair quatro vezes por semana para ir à igreja.
Como o senhor descreve o tratamento do local? O senhor está feliz?
Estou feliz, estou gostando, estou muito bem, graças a Deus. Fez um mês que eu estou aqui. O tratamento aqui é bom, muito bom mesmo, o tratamento, a cortesia, graças a Deus.
Se o senhor tivesse a possibilidade de voltar para casa, o senhor preferia voltar ou ficar aqui?
Preferia voltar pra casa. Tenho casa graças a Deus, tenho uma casa com quatro cômodos, tenho geladeira, tenho fogão, tenho bujão, tenho guarda-roupa, tenho cama, tenho colchão, tenho sofá, tenho comida dentro de casa, tenho tudo.
O senhor costuma fazer passeios durante o tempo livre que o senhor tem aqui?
Eu só não saio porque não tem com quem sair, mas se eu tivesse, eu sairia. Tem um mês que eu não vou à igreja, mesmo localizada aqui perto, não tem ninguém que me leve. A moça chegou aqui e conversou comigo e disse que vai trazer uma obreira aqui pra me levar três vezes na semana, mas não apareceu ainda. Estou ansioso para que isso aconteça logo.
O senhor recebe visita de algum parente ou amigo?
A família que me colocou aqui vem sempre, só na casa da vizinha são cinco pessoas, ainda vêm mais três amigos que não são de lá. Quando não vem, liga para saber como é que eu estou. É assim, graças a Deus. No conjunto residencial em que eu morava tinha muitos amigos, vários já vieram me visitar, só uma amiga que não veio ainda porque está muito ocupada, Rosana, foi justamente ela que organizou as coisas para que eu viesse para cá, mas a mãe dela já veio. Agora eu tenho cinco sobrinhos que moram em Pernambués, ainda não vieram aqui porque eu estou sem o telefone deles, e eles sem o meu. Tenho 20 anos no comércio, estou sem o telefone do pessoal que trabalhou comigo, todos os amigos meus bacanas mesmo.
Como o senhor avalia a sua saúde?
A responsável pelo abrigo me leva para fazer uma revisão no médico clínico e fazer uma revisão nas vistas. Meus médicos são na Avenida Sete e nos Barris: o da vista é nos Barris e o médico clínico é na Avenida Sete. O problema são os custos. Só para providenciar um exame que fiz no ano passado foi R$ 70,00 reais. Só o colírio é quase R$ 100,00 reais, mas graças a Deus estou muito bem, esperando em Deus para voltar para casa, e voltar a trabalhar de novo.
O senhor possui alguma renda? O que você faz com essa renda?
A gente procura ajudar a instituição com o salário que ganha. A responsável pelo abrigo aqui não tem ajuda da mídia, muita gente promete ajuda, mas não aparece. É Deus, ela e o salário que nós ganhamos.
E o senhor tem alguma preocupação com os seus parentes, com sua saúde?
Não, não me preocupo com nada, entrego tudo nas mãos de Deus. Não choro, não fico triste, porque meu coração é limpo, e sou decidido. Não levo recado para casa, não gosto de falsidade e nem tão pouco de mentira, sim é sim e não é não.
O senhor antes de vim para cá, usava transporte coletivo?
Usava. Havia um rapaz me levava e me trazia. Eu entrava pela frente e ele pelo fundo. Ele me levava para o médico, e também para a igreja. A igreja era perto de casa, tinha muita gente de lá que me levava e me trazia de carro.
Como o senhor era tratado nos ônibus?
Tratavam-me bem, graças a Deus. Quando eu entrava as pessoas levantavam e me davam o lugar. Um dia um rapaz me olhou e falou assim: - rapaz, você é deficiente? - Sou meu filho, foi de repente assim. A gente tem prazer em ver os outros pegando no braço para nos levar quando termina a reunião da igreja, por exemplo.
Foi esse ano mesmo que o senhor ficou deficiente visual?
Não. Fiquei assim depois de cair ácido nos meus olhos, na empresa em que trabalhava antigamente. Eu já estava em tratamento desde 2003 e até hoje continua. Quando foi em 2006 me mandaram para casa e me afastei da empresa em que eu trabalhava no comércio. Doutor Alexandre foi o meu médico por anos e então resolvi trocar de médico. Passei pelas mãos da Dra. Tânia, Dra. Márcia, Dra. Maria Luisa e Dona Maria Barrotide.                               
Com que o senhor trabalhava, antes do acidente?
Eu trabalhei com doze carros, mas não gostava de dirigir, então eu não aprendi a dirigir porque não tive vontade, mas graças a Deus trabalhei 20 anos, só no comércio eu trabalhei dez vezes no comércio: Boa viagem, Baixa do Bonfim, tudo eu trabalhei.
E os jovens te respeitavam?
Respeitavam muito graças a Deus, eu fiz muita amizade, trabalhei em uma repartição, tinha mais de trinta pessoas, e todos me respeitavam, só saí do trabalho para continuar o tratamento da minha visão.
E que mensagem o senhor gostaria de deixar para a sociedade em relação ao tratamento aos idosos e para algumas pessoas que têm medo de ficar abandonado?
Não tenha medo, tenha fé em Deus, primeiramente Deus, faça seus exames, faça o tratamento, consiga o remédio, tenha sempre responsabilidade com a alimentação, comer muita verdura; a dona daqui é enfermeira, cuida da nossa dieta. Então é só se tratar e ter fé em Deus que tudo vai ficar bem. 

Por Ana Paula (15 anos), Caroline (15 anos) e Bianca (16 anos). 
São alunas do curso de Química (IFBA/Salvador).