terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Um pouco de Jorge de Lima

O itinerário poético de Jorge de Lima percorreu quatro fases: a parnasiana, a da poesia negra, a místico-católica e a épica. A primeira pode ser percebida em O Acendedor de lampiões, poema de 1909, ainda intoxicado da leitura dos partidários da arte pela arte. 



Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
A medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente. 

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita,

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua.


Os vestígios do parnasianismo são notados claramente pelo cuidado com os vocábulos e na construção das rimas para a representação do trabalho do acendedor de lampiões, que é bastante objetiva e descritiva.
Ainda assim, nestes versos, Lima parece se compadecer desse trabalhador, afastando-se dos princípios parnasianos.

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