terça-feira, 14 de agosto de 2012

Carta aberta ao governador Jaques Wagner

Prezado governador Jaques Wagner,
       Como estudantes, nós devemos lhe informar que o ensino fornecido pelo Estado não é satisfatório. Convém admitir que existem muitos problemas relacionados à educação, dentre eles, podemos destacar: o alto índice de analfabetismo, escolas com os piores desempenhos nacionais no IDEB, e docentes sem a capacitação adequada para lecionar.
      Durante a sua campanha para a reeleição, várias questões foram discutidas no que tange à educação. Em relação ao analfabetismo de adultos e jovens acima dos 15 anos de idade, fora anunciado o TOPA, que – durante o seu mandato – seria responsável pela alfabetização de 460 mil pessoas. Contudo, não é viável focalizar apenas em questões quantitativas se a qualidade do ensino é péssima, do contrário, grande parte dessas pessoas saberia muito mais do que apenas escrever a sua assinatura.
       Além disso, mesmo ultrapassando as metas estabelecidas pelo IDEB, muitas escolas de pequenos municípios alcançaram notas muito baixas. “Maquiar” o problema lançando mão de resultados não resolve a situação. Importa também não esquecer que todos têm o direito de receber uma educação igualitária. Como explicar essa diferença de resultados entre as escolas de localidades diferentes? Certamente, o conteúdo didático não está sendo transmitido de forma correta para os alunos.
       Com isso, chegamos a uma das questões principais no que se refere ao desenvolvimento de uma educação de qualidade: os professores. Muitos estudantes relataram o descontentamento com as aulas que recebiam nos colégios estaduais onde estudavam, e isso porque os docentes não possuíam a formação adequada. Como a sociedade pode esperar que os jovens dominem o conteúdo solicitado em vestibulares de todo o país, se parte dos profissionais não se qualificam?

       Por outro lado, outro problema relacionado a esses educadores é o salário. Os baianos acompanharam, indignados, uma greve que durou 115 dias! Cadê a valorização desses profissionais que são tão importantes para a população? Eles desempenham um trabalho essencial à sociedade e merecem mais oportunidades de qualificação e respeito!! Também, atualmente, a docência pode ser considerada um trabalho de risco, visto que alguns alunos os ameaçam. Essa violência também precisa ser solucionada porque a cada dia aumenta o número de crimes cometidos contra professores por estudantes, ou entre os (as) próprios (as) alunos (as).
       Analisando esse quadro crítico, nos impressiona, ainda, o fato de problemas relacionados à má administração do governo terem sido abordados séculos atrás. O poeta Gregório de Matos teve seu reconhecimento, principalmente, devido às suas sátiras, as quais apontavam “as vergonhas” da Bahia. Dentre elas, destacamos o trecho de uma, que pode explicar o descaso com esse estado:
[...]
Provo a conjetura já,
prontamente como um brinco:
Bahia tem letras cinco
que são B-A-H-I-A:
logo ninguém me dirá
que dous ff chega a ter,
pois nenhum contém sequer,
salvo se em boa verdade
são os ff da cidade
um furtar, outro foder.
          Governador, não se esqueça de que o futuro dos jovens e o crescimento nacional dependem de uma excelente educação. Não é um sacrifício deixar de investir em publicidade – já que seu governo aumentou em 162% os gastos com propaganda, o equivalente a R$ 122 milhões – para aumentar a renda dos professores, investir em projetos que reduzam a violência e possibilitem uma melhor qualificação tanto para os docentes quanto para os estudantes. No caso dos discentes, sabemos que eles serão aceitos com mais facilidade no mercado de trabalho ou, caso queiram, ingressarão nas universidades muito mais preparados, com a certeza de que se tornarão grandes profissionais.
        De qualquer forma, esperamos que o senhor possa resolver esses problemas e muitos outros que foram debatidos durante as suas campanhas como candidato ao governo de Salvador. Dentre outros aspectos, parece paradoxo o fato de que um estado cuja capital será sede da Copa do Mundo de 2014, mantenha a população sem educação, saúde e segurança satisfatórias. 

Gleicielle M. Vilas Bôas.
Lucas Carvalho



Shinichi Coelho Aruga

 Obs.: Os autores são estudantes do IFBA, Campus Salvador. Turma 2822 (Eletrotécnica)

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