Você
já notou a importância que os funcionários em geral possuem? A “tia” do
pavilhão 7 esclarece essa questão.
Por Maiara
Sousa, Olívia Cristiane e Laíse Caroline.
Esse
é o papel das “tias”, que além de trabalharem arduamente, não tem o devido
reconhecimento, já que seu salário mal dá para o seu sustento. Além disso, tanto
estudantes quanto professores não percebem o seu valor. Para os alunos
desfrutarem da educação qualificada que o Instituto oferece é imprescindível a
atuação desses servidores.
É
importante salientar que, pelo fato de os funcionários serem pagos para
efetuarem o seu trabalho, não significa que não são dignos de consideração. Se
pensarmos nos diversos ídolos brasileiros, veremos que tal qual a “tia” eles também
são pagos para fazer seus trabalhos, contudo, são excessivamente valorizados. A
diferença é esta: o papel das “tias” é útil para você, entretanto os cantores,
por exemplo, não lhes traz nenhum benefício,
senão momentos prazerosos.
A “tia” do pavilhão 7, que trabalha há 13 anos no Instituto Federal da Bahia, é
a nossa entrevistada. Vejamos o quanto ela tem a nos ensinar.
Qual a sua idade? Afinal, como é seu
nome?
Eu tenho 52 anos e meu nome é Lenice
Maria de Souza.
O que te levou a trabalhar aqui?
O
desemprego e a falta de oportunidades me levaram a aceitar essa profissão.
A senhora se sente bem trabalhando aqui?
Os alunos te respeitam? Comente.
Eu me sinto bem. Os alunos me respeitam na
medida do possível, mas sempre existem aqueles com falta de educação, porém
aprendi a conviver com isso. Os estudantes precisam seguir as regras. Por
exemplo, não é permitido entrar na sala com lanche, entretanto a maioria não
respeita e isso acaba gerando confusões. Já aconteceu um caso em que uma jovem derramou suco na sala e só porque a
funcionária, sem grosseria, comentou,
ela a insultou afirmando que era a sua obrigação limpar. É preciso ter um
sistema mais rígido, pois as regras existem, porém não são cumpridas. Comigo
não aconteceu nada parecido, a não ser algumas vezes em que alguns passam por
mim e não dão nem um bom dia; outros não entendem quando peço para sair da sala
para limpá-la. Contudo, não tenho do que me queixar, eu os respeito e eles me
respeitam também, do jeito deles...
Como a senhora descreve sua importância
aqui no IFBA?
Eu
acredito que aqui no IFBA eu não tenha tanta importância e sim no meu setor,
meu serviço. Afinal, eu sou terceirizada, a relação é entre o IFBA e empresa da
qual faço parte. Minha relação é diretamente com ela. E eu acho que o Instituto
dá importância ao meu trabalho, pois se não eu já teria sido trocada e, além
disso, ele paga bem a minha empresa.
Como seria o IFBA sem as suas funções?
Eu
acho que ficaria difícil para os próprios alunos, pois eles teriam que chegar e
arrumar a sala. Sem a mão de obra da limpeza não teria como estudar, já que
para haver educação é necessário higiene, limpeza e organização.
A senhora tem filhos? Eles estudam aqui?
Sim,
tenho uma filha e ela não estuda aqui, pois já concluiu o ensino médio. Fez
curso de enfermagem e hoje trabalha. Na verdade, ela nunca quis estudar aqui,
até porque é mais um ano; é cansativo e eu a deixei escolher.
Por ter uma filha jovem, a senhora acha
que isso facilita sua relação com os jovens daqui do IFBA?
Não
muito. Porque cada um tem seu modo diferente de ser. O jeito como eu trato
minha filha é algo mais íntimo, já os estudantes daqui eu trato com educação
também, mas não é a mesma coisa.
O seu salário é proporcional ao seu
trabalho?
Não.
Porque o meu trabalho aqui no pavilhão é cansativo e creio que o salário
deveria ser melhor. Mas, na maioria dos casos os funcionários em geral, não
ganham muito bem.
O que é mais vantajoso: ser funcionário
público ou terceirizado?
Ser
funcionário público é melhor porque possui maior estabilidade e maior salário.
Já o terceirizado, não tem muitas vantagens, já que você pode perder o seu
emprego, sendo trocado e o salário é menor. De qualquer forma, estou empregada e
isso é mais importante.
Quais critérios a empresa leva para
trocar os funcionários?
A pontualidade, quantidade de atestados médicos,
enfim, a responsabilidade.
Nunca vi uma pessoa que segue esses critérios ser trocada, contudo a empresa
sempre vai buscar o melhor, por isso existe essa troca.
O que a senhora seria se não fosse
funcionária?
Eu
já trabalhei de caixa e empacotadora e gostaria de outras oportunidades como
estas. Porém, que seja algo onde eu tenha experiência porque não é agradável
nem correto ter um emprego no qual haja dificuldades em efetuá-lo. Confesso que
tenho o sonho de terminar os meus estudos, pois nunca é tarde para estudar e é
assim que se exerce funções qualificadas e oportunas. Só que o meu tempo é
curto e não permite que eu estude.
Como é o seu convívio com os outros
funcionários?
Procuro
manter uma relação profissional, porque existe sempre inveja por parte de
alguns. Então, por essas questões é bom ser prudente, principalmente pela
questão da troca de funcionários.
Quando a senhora se aposentar vai sentir
saudade do seu trabalho?
Não,
mas sentirei falta de alguns alunos; de acordar cedo, essas coisas. E
aposentada poderei descansar e terei mais tempo livre. Então, espero muito por isso, é um dos meus
sonhos.
Qual a sua relação com os professores?
A maioria
deles são educados, mais existem alguns que não tem consideração e muitos
alunos veem isso. Para o professor que é um educador, usar educação é
fundamental.
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