sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Onde está o valor do trabalho árduo?

Você já notou a importância que os funcionários em geral possuem? A “tia” do pavilhão 7 esclarece  essa questão.
Por Maiara Sousa, Olívia Cristiane e Laíse Caroline.
Imagine você entrando em sua sala de aula e a encontrando toda desarrumada, cadeiras fora do lugar e lixo por toda sala, dando até desgosto de estudar. Então você fica surpreso ao descobrir que não há funcionários e a sua única saída é pegar o pano de chão, a vassoura e mãos à obra! Agora, pense em fazer isso todos os dias... Seria bem cansativo, concorda?
Esse é o papel das “tias”, que além de trabalharem arduamente, não tem o devido reconhecimento, já que seu salário mal dá para o seu sustento. Além disso, tanto estudantes quanto professores não percebem o seu valor. Para os alunos desfrutarem da educação qualificada que o Instituto oferece é imprescindível a atuação desses servidores.
É importante salientar que, pelo fato de os funcionários serem pagos para efetuarem o seu trabalho, não significa que não são dignos de consideração. Se pensarmos nos diversos ídolos brasileiros, veremos que tal qual a “tia” eles também são pagos para fazer seus trabalhos, contudo, são excessivamente valorizados. A diferença é esta: o papel das “tias” é útil para você, entretanto os cantores, por exemplo, não lhes traz nenhum benefício, senão momentos prazerosos.
A “tia” do pavilhão 7, que trabalha há 13 anos no Instituto Federal da Bahia, é a nossa entrevistada. Vejamos o quanto ela tem a nos ensinar. 
Qual a sua idade? Afinal, como é seu nome?
Eu tenho 52 anos e meu nome é Lenice Maria de Souza.
O que te levou a trabalhar aqui?
O desemprego e a falta de oportunidades me levaram a aceitar essa profissão.
A senhora se sente bem trabalhando aqui? Os alunos te respeitam? Comente.
Eu me sinto bem. Os alunos me respeitam na medida do possível, mas sempre existem aqueles com falta de educação, porém aprendi a conviver com isso. Os estudantes precisam seguir as regras. Por exemplo, não é permitido entrar na sala com lanche, entretanto a maioria não respeita e isso acaba gerando confusões. Já aconteceu um caso em que uma  jovem derramou suco na sala e só porque a funcionária, sem grosseria, comentou, ela a insultou afirmando que era a sua obrigação limpar. É preciso ter um sistema mais rígido, pois as regras existem, porém não são cumpridas. Comigo não aconteceu nada parecido, a não ser algumas vezes em que alguns passam por mim e não dão nem um bom dia; outros não entendem quando peço para sair da sala para limpá-la. Contudo, não tenho do que me queixar, eu os respeito e eles me respeitam também, do jeito deles...
Como a senhora descreve sua importância aqui no IFBA?
Eu acredito que aqui no IFBA eu não tenha tanta importância e sim no meu setor, meu serviço. Afinal, eu sou terceirizada, a relação é entre o IFBA e empresa da qual faço parte. Minha relação é diretamente com ela. E eu acho que o Instituto dá importância ao meu trabalho, pois se não eu já teria sido trocada e, além disso, ele paga bem a minha empresa.
Como seria o IFBA sem as suas funções?
Eu acho que ficaria difícil para os próprios alunos, pois eles teriam que chegar e arrumar a sala. Sem a mão de obra da limpeza não teria como estudar, já que para haver educação é necessário higiene, limpeza e organização.
A senhora tem filhos? Eles estudam aqui?
Sim, tenho uma filha e ela não estuda aqui, pois já concluiu o ensino médio. Fez curso de enfermagem e hoje trabalha. Na verdade, ela nunca quis estudar aqui, até porque é mais um ano; é cansativo e eu a deixei escolher.
Por ter uma filha jovem, a senhora acha que isso facilita sua relação com os jovens daqui do IFBA?
Não muito. Porque cada um tem seu modo diferente de ser. O jeito como eu trato minha filha é algo mais íntimo, já os estudantes daqui eu trato com educação também, mas não é a mesma coisa.
O seu salário é proporcional ao seu trabalho?
Não. Porque o meu trabalho aqui no pavilhão é cansativo e creio que o salário deveria ser melhor. Mas, na maioria dos casos os funcionários em geral, não ganham muito bem.
O que é mais vantajoso: ser funcionário público ou terceirizado?
Ser funcionário público é melhor porque possui maior estabilidade e maior salário. Já o terceirizado, não tem muitas vantagens, já que você pode perder o seu emprego, sendo trocado e o salário é menor. De qualquer forma, estou empregada e isso é mais importante.


Quais critérios a empresa leva para trocar os funcionários?
A pontualidade, quantidade de atestados médicos, enfim, a responsabilidade. Nunca vi uma pessoa que segue esses critérios ser trocada, contudo a empresa sempre vai buscar o melhor, por isso existe essa troca.
O que a senhora seria se não fosse funcionária?
Eu já trabalhei de caixa e empacotadora e gostaria de outras oportunidades como estas. Porém, que seja algo onde eu tenha experiência porque não é agradável nem correto ter um emprego no qual haja dificuldades em efetuá-lo. Confesso que tenho o sonho de terminar os meus estudos, pois nunca é tarde para estudar e é assim que se exerce funções qualificadas e oportunas. Só que o meu tempo é curto e não permite que eu estude.
Como é o seu convívio com os outros funcionários?
Procuro manter uma relação profissional, porque existe sempre inveja por parte de alguns. Então, por essas questões é bom ser prudente, principalmente pela questão da troca de funcionários.
Quando a senhora se aposentar vai sentir saudade do seu trabalho?
Não, mas sentirei falta de alguns alunos; de acordar cedo, essas coisas. E aposentada poderei descansar e terei mais tempo livre.    Então, espero muito por isso, é um dos meus sonhos.
Qual a sua relação com os professores?
A maioria deles são educados, mais existem alguns que não tem consideração e muitos alunos veem isso. Para o professor que é um educador, usar educação é fundamental. 
As autoras dessa entrevista são alunas do IFBA, campus Salvador (Química).

Da esquerda para a direita:
Laíse Caroline, 
  Olívia Cristiane  e Maiara Sousa.

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