segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Carta aberta aos governantes do Brasil

Excelentíssimos senhores governantes,  

Eu me chamo Jéssica Leitão, sou estudante do Instituto federal da Bahia (IFBA), centro de referência na formação de profissionais técnicos. Estudei durante doze anos em uma escola da rede particular de Salvador, e hoje como estudante da rede federal de ensino pude perceber a real dificuldade que passam os milhares de alunos das escolas públicas da Bahia.
Conversando com meus pais sobre a educação no nosso estado fiquei realmente surpresa. Surpresa ao descobrir que há alguns anos as nossas escolas públicas eram sinônimos de ensino de qualidade. O que aconteceu com nosso ensino, senhores governantes? Por que nossa realidade mudou tanto?
Em um discurso da nossa Presidente Dilma, proferido no dia 10.02.2010, ela afirmou o seu compromisso com a educação, assinalando que seria a hora certa para o investimento na formação e remuneração de profissionais. Onde estão os investimentos? Onde está essa remuneração? É totalmente injusto um professor que passou anos estudando, gastando dinheiro em sua qualificação, receber um salário “de fome”, enquanto a União gasta aproximadamente R$ 250,24 milhões com aposentadorias e pensões de ex-parlamentares e seus dependentes.
Lembro-me ainda de uma parte do discurso da presidente Dilma: “– Nenhuma área pode unir melhor a sociedade que a Educação. Nenhuma ferramenta é mais decisiva do que ela para superarmos a pobreza e a miséria”.  Bonitas palavras, não? Sim, são lindas, e eu concordo com cada uma delas. A educação é a solução para muitos dos nossos milhares de problemas na Bahia e em outros estados brasileiros. Mas ela não recebe toda a atenção necessária.
Diferente das palavras presentes neste lindo discurso, a educação pública no nosso estado hoje é sinônimo de descaso. Ou será que os senhores pensam que as mães que colocam os seus filhos em uma escola pública confiam na “excelência” e na “ótima” qualidade de ensino? Não!! Elas os matriculam porque não têm condições de mantê-los em uma escola particular de qualidade.
De acordo com os discursos proferidos por vocês, a escola pública seria o espaço de integração e interação entre os alunos, onde deveriam ser corrigidas as suas desigualdades, beneficiando, é claro, nossas crianças e jovens. Passa pela minha cabeça, então, que se as escolas públicas são, de fato, o lugar para correção das desigualdades, seus filhos deveriam estar estudando em uma delas, interagindo assim com as milhares de crianças que são moradoras das comunidades de baixa renda, filhos, portanto, de grande parte de seus eleitores. Mas, por que isso não acontece? Por que os senhores não demonstram real interesse em reverter a desigualdade?
 

Falar hoje de educação no estado da Bahia é falar também de greves. É totalmente inadmissível que um estado enfrente mais de cem dias de greve de professores por causa da recusa do governo em fazer qualquer negociação com a classe. Não é totalmente incoerente negar os 22% pedidos pelos professores, sendo que no ano de 2011 foi aplicado um reajuste de 61,8% para os deputados estaduais e 29% para o governador, vice e secretários? Por que, no caso dos senhores, não houve dificuldade alguma para adquirirem aumento salarial?
No ano passado, o governo recebeu uma transferência de recursos federais, cerca de R$ 1,66 bilhão, do quais 25% seriam destinados à educação, mas somente 19% foram realmente investidos. Fica uma grande interrogação em relação ao que aconteceu com os 6%: será que não era esse o valor destinado à remuneração dos professores? Para que fins esse dinheiro foi utilizado? Se o “Brasil é um país para todos” por que não melhorá-lo começando pela educação? Nós, adolescentes e estudantes, somos o futuro do Brasil. Por que não cuidar de nós, o futuro? Vamos abrir os olhos, a educação tem que ser para todos.
Peço que olhem pela educação, que invistam, que cuidem, porque, como disse a nossa presidente, essa é a melhor ferramenta para superarmos a pobreza e a miséria, não só na Bahia como em todo o Brasil.
Jéssica Leitão

Moacyr Melhor

Rafael Silva 

 
P.S.: Não obstante a carta ter Jéssica Leitão como remetente, o texto manifesta a opinião dos autores acima.
Fontes:http://www.essaseoutras.com.br/charges-engracadas-de-educacao-ensino-critica-alunos-e-professores/

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