Excelentíssimos senhores governantes,
Eu me chamo
Jéssica Leitão, sou estudante do Instituto federal da Bahia (IFBA), centro de
referência na formação de profissionais técnicos. Estudei durante doze anos em
uma escola da rede particular de Salvador, e hoje como estudante da rede
federal de ensino pude perceber a real dificuldade que passam os milhares de
alunos das escolas públicas da Bahia.
Conversando com meus pais sobre a
educação no nosso estado fiquei realmente surpresa. Surpresa ao descobrir que
há alguns anos as nossas escolas públicas eram sinônimos de ensino de
qualidade. O que aconteceu com nosso ensino, senhores governantes? Por que nossa
realidade mudou tanto?
Em um discurso da nossa Presidente
Dilma, proferido no dia 10.02.2010, ela afirmou o seu compromisso com a
educação, assinalando que seria a hora certa para o investimento na formação e
remuneração de profissionais. Onde estão os investimentos? Onde está essa
remuneração? É totalmente injusto um professor que passou anos estudando,
gastando dinheiro em sua qualificação, receber um salário “de fome”, enquanto a
União gasta aproximadamente R$ 250,24 milhões com aposentadorias e pensões de
ex-parlamentares e seus dependentes.
Lembro-me ainda de uma parte do discurso
da presidente Dilma: “– Nenhuma área pode unir melhor a sociedade
que a Educação. Nenhuma ferramenta é mais decisiva do que ela para superarmos a
pobreza e a miséria”. Bonitas palavras,
não? Sim, são lindas, e eu concordo com cada uma delas. A educação é a solução
para muitos dos nossos milhares de problemas na Bahia e em outros estados brasileiros. Mas ela não recebe toda
a atenção necessária.
Diferente das palavras presentes neste lindo discurso,
a educação pública no nosso estado hoje é sinônimo de descaso. Ou será que os
senhores pensam que as mães que colocam os seus filhos em uma escola pública
confiam na “excelência” e na “ótima” qualidade de ensino? Não!! Elas os
matriculam porque não têm condições de mantê-los em uma escola particular de
qualidade.
De acordo com os discursos proferidos
por vocês, a escola pública seria o espaço de integração e interação entre os
alunos, onde deveriam ser corrigidas as suas desigualdades, beneficiando, é
claro, nossas crianças e jovens. Passa pela minha cabeça, então, que se as
escolas públicas são, de fato, o lugar para correção das desigualdades, seus filhos deveriam
estar estudando em uma delas, interagindo assim com as milhares de crianças que
são moradoras das comunidades de baixa renda, filhos, portanto, de grande parte
de seus eleitores. Mas, por que isso não acontece? Por que os senhores não
demonstram real interesse em reverter a desigualdade?
Falar hoje de educação no estado da Bahia é falar também de greves. É totalmente inadmissível que um estado enfrente mais de cem dias de greve de professores por causa da recusa do governo em fazer qualquer negociação com a classe. Não é totalmente incoerente negar os 22% pedidos pelos professores, sendo que no ano de 2011 foi aplicado um reajuste de 61,8% para os deputados estaduais e 29% para o governador, vice e secretários? Por que, no caso dos senhores, não houve dificuldade alguma para adquirirem aumento salarial?
No ano passado, o governo recebeu uma
transferência de recursos federais, cerca de R$ 1,66 bilhão, do quais 25%
seriam destinados à educação, mas somente 19% foram realmente investidos. Fica
uma grande interrogação em relação ao que aconteceu com os 6%: será que não era
esse o valor destinado à remuneração dos professores? Para que fins esse
dinheiro foi utilizado? Se o “Brasil é um país para todos” por que não melhorá-lo
começando pela educação? Nós, adolescentes e estudantes, somos o futuro do
Brasil. Por que não cuidar de nós, o futuro? Vamos abrir os olhos, a educação
tem que ser para todos.
Peço que olhem pela educação, que invistam,
que cuidem, porque, como disse a nossa presidente, essa é a melhor ferramenta
para superarmos a pobreza e a miséria, não só na Bahia como em todo o Brasil.
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Jéssica Leitão |
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Moacyr Melhor |
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Rafael Silva |
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