quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Gêneros e tipologias textuais

Antes de abordar este tópico em sala de aula, faz-se necessário entender que "todos os gêneros textuais têm uma forma e uma função, bem como um estilo e um conteúdo, mas sua determinação se dá basicamente pela função e não pela forma” (Marcuschi, 2008, p. 150).

Assim, ficará mais fácil entender que os gêneros textuais são entidades:

a) dinâmicas; 
b) históricas;
c) sociais;
d) situadas;
e) comunicativas;
f) orientadas para fins específicos;
g) ligadas a determinadas comunidades discursivas;
h) ligadas a domínios discursivos;
i) recorrentes;
j) estabilizadas em formatos mais ou menos claros (Marcuschi, 2008, p. 159).


 As tipologias textuais ou tipos textuais são composições linguísticas em que predominam certas estruturas sintáticas, tempos e modos verbais, classes gramaticais etc., de acordo com a função e a intencionalidade do gênero textual. Se os gêneros textuais são inúmeros, as tipologias existem em número limitado. 
Observem as marcas que caracterizam cada tipologia textual e alguns gêneros em que poderemos identificá-las.

TIPOLOGIAS
GÊNEROS
1) NARRATIVA
Liga-se à percepção no tempo;
• Realiza-se por meio de verbos de mudança no pretérito perfeito e imperfeito e por expressões adverbiais de tempo e de lugar.
•ocorre quando uma história é narrada, incluindo-se, assim, tempo, espaço, personagens etc.
Ex.: “Os passageiros aterrissaram em NY no meio da noite”.
Conto de fadas
Fábula/Biografia romanceada
Romances/Conto
Crônicas: literária/social/esportiva
Charge /Piada
Notícia/Reportagem
Casos contados em rodas de amigos etc.
2) DESCRITIVA
• Liga-se à nossa percepção de espaço;
• Permite ao leitor construir um retrato mental;
•Possui uma estrutura simples com um verbo estático no presente do indicativo ou no pretérito perfeito do indicativo;
•adjetivos, advérbios de lugar e de modo.
• caracteriza uma pessoa, uma paisagem, um ambiente, um objeto.
Ex.: “Sobre a mesa havia milhares de vidros”.
Conto de fadas
Poema (descritivo) /Fábula
Biografia romanceada
Romances/Conto
Crônicas: literária/social/esportiva
Notícia/Reportagem
Casos contados em rodas de amigos etc.
3) ARGUMENTATIVA
Liga-se ao ato de julgar e à tomada de posição.
Realiza-se por meio de conectores lógicos;
Predominam as sequências contrastivas explícitas.
Além de muitas outras relações, expõem-se  ideias  para convencer o leitor/ouvinte de certos  posicionamentos:
Ex.: “A obsessão com a durabilidade nas Artes não é permanente”.
Artigos de opinião
Carta de Leitor
Carta de reclamação
Carta de solicitação
Debate regrado
Discurso de defesa (Advocacia)
Discurso de acusação (Advocacia)
Resenha crítica
Editorial
Ensaio
4) EXPOSITIVA
• É caracterizada pela intenção de facilitar a compreensão do leitor/ouvinte através de informações que normalmente são feitas por meio de afirmações e logicidade na ordenação de conceitos, entre outros aspectos;
• Materializa-se por meio de conectores lógicos;
• Predominam as sequências explicitamente explicativas.
Ex.: “O cérebro tem 10 milhões de neurônios”.

Texto expositivo (em livro didático)
Seminário
Conferência
Comunicação oral
Palestra
Entrevista de especialista
Pode ocorrer em trechos de:
artigos científicos, notícias jornalísticas, verbetes de enciclopédias;
Também em trechos informativos de outros gêneros, como romances, relatórios e cartas.

5) INJUNTIVA
• Liga-se à previsão de comportamento por meio de enunciados incitadores à ação.
• Se concretiza por meio de verbos no imperativo ou de perguntas e de expressões congeladas de cumprimento.
• direta ou indiretamente, se instrui ou se orienta o leitor/ouvinte, visto como aquele que pode tomar uma decisão ou realizar algo.
Ex.: “Pare!”, “Seja razoável!”, “Compre já”.
Anúncios e peças publicitárias
Receitas de culinária /Instruções de uso
Instruções de montagem / Regras de utilização
Leis
Receitas de culinária / Guias
Regras de trânsito / Obrigações a cumprir Normas de conduta


Outro ponto importante que não devemos esquecer, quando o assunto é gênero do discurso, é o papel do suporte na definição do gênero. De acordo com Marcuschi (2008), o suporte é um "locus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto". Assim, os suportes, além de ampararem a mensagem, auxiliam na delimitação e apresentação de um gênero do discurso.
SUPORTES CONVENCIONAIS
Convencionais -> típicos ou característicos, produzidos para esta finalidade.
(1) Livro
(2) Jornal (diário)
(3) Revista (semanal / mensal)
(4) Revista científica (boletins e anais)
(5) Rádio
(6) Televisão
(7) Telefone
(8) Quadro de avisos
(9) Outdoor
SUPORTES INCIDENTAIS

Podem trazer textos, mas não são destinados a esse fim de modo sistemático nem na atividade comunicativa regular.
(1) Embalagem - rótulo, receita, bula de remédio;
(2) Para-choques e para-lamas de caminhão;
(3) Roupas;
(4) Corpo humano - tatuagens ou de slogans para protestos em situações especiais;
(5) Paredes - um quadro de avisos que é o suporte de gêneros;
(6) Muros etc.

                                                                  Suporte incidental

 Suporte convencional 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será postado após avaliação.