Somos estudantes do IFBA e redigimos
essa carta para questionar a situação vergonhosa que encontramos na região
metropolitana da cidade de Salvador. Poderíamos citar inúmeros problemas que
nos afetam, como a falta de investimento na educação que, a cada dia, se torna
mais precária; a disparidade econômica entre os bairros da cidade e até mesmo a
questão da saúde pública na metrópole. Contudo, como cidadãos preocupados com o
futuro da humanidade, viemos destacar um dos temas que mais nos chama atenção e
nos envergonha: o metrô de Salvador.
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Fonte: Tribuna da Bahia |
Moramos numa cidade que, dentre outros
aspectos, foi a primeira capital do Brasil, tendo um importante valor histórico
e gerando atualmente o sexto maior PIB do país.
A cidade é conhecida pelo povo feliz e acolhedor e este convive com um
grande problema em relação ao transporte público. Como se locomover na terceira
cidade mais populosa do país? Como corresponder a essa demanda? O metrô foi uma
escolha muito inteligente, nós sabemos. Alternativa para transporte com maior
viabilidade tecnológica em relação ao antigo sistema ferroviário, além de
reduzir a sobrecarga nos ônibus e os congestionamentos quilométricos. Porém,
tudo isso só seria verdade se ele realmente estivesse pronto.
Por
volta de 1996 nós nascemos e acompanhamos, desde 1997, o lento crescimento do projeto
do metrô. Em 2000, iniciou-se a construção. Doze anos se passaram e o sonho do
soteropolitano se desgastava assim como os trens enviados pelo governo federal
se desgastaram, guardados em galpões devido às obras atrasadas. Foi gasto mais
dinheiro, mais tempo e não observamos resultados da melhoria que nos foi
prometida.
Ademais, faz-se necessário refletir
sobre o valor da tarifa do nosso suposto metrô, pois é difícil de entender como
pode ele ser o mais caro – com um bilhão de reais já gastos –, o mais lento e o
menor de todos os tempos com apenas 6,5 quilômetros (sendo que o projeto
inicial é 41 km). Não podemos esquecer, ainda, que a segunda linha do
transporte só começou a ser realizada com o pedido da FIFA para suprir a
demanda no ano de 2014 devido à Copa do Mundo.
Temos que começar a fazer o benefício
priorizando a nossa população e não a que vem de fora, tampouco por pedido de
outros. Votamos e elegemos candidatos para que melhorem a nossa situação que
não se encontra nada agradável e o senhor teve dois mandatos para fazer tais melhorias.
Mas, como disse corretamente Gregório de Matos em seu poema À Bahia, o problema é que “Ninguém vê,
ninguém fala, nem impugna. [...] quem o dinheiro nos arranca, nos arranca as
mãos, a língua, os olhos”.
Por isso, Senhor Prefeito, viemos
através desta carta, abrir seus olhos para enxergar o que a sociedade inteira
já cansou de ver. Entendemos que nada é tão fácil o quanto pensamos, mas
sabemos que se faz necessário que medidas sejam tomadas, caso contrário, os
problemas que enfrentamos em nosso cotidiano só irão se agravar. É fato que a
aplicação de melhorias no transporte público não acontecerá em curto prazo e
nem tampouco os políticos podem apresentá-las imediatamente, mas como tudo, é
preciso dar início a projetos que visem, se não à total extinção, a amenização
deste paradigma que perdura desde quando
nascemos. Precisamos de um metrô que viabilize novas condições de transporte
agora e isso é fato.
Soteropolitanos
como somos, nos sentimos no direito de expor o que pensamos em prol da melhora
da nossa tão querida e amada cidade, patrimônio histórico que não pode ser
submetida a tal descaso.
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Caroline Cajado |
Obs.: Os autores estudam no Campus Salvador.![]() |
Cassiano Gouveia |
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Rebeca Bispo |
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