sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Carta aberta ao prefeito de Salvador

Caro Prefeito João Henrique,


Somos estudantes do IFBA e redigimos essa carta para questionar a situação vergonhosa que encontramos na região metropolitana da cidade de Salvador. Poderíamos citar inúmeros problemas que nos afetam, como a falta de investimento na educação que, a cada dia, se torna mais precária; a disparidade econômica entre os bairros da cidade e até mesmo a questão da saúde pública na metrópole. Contudo, como cidadãos preocupados com o futuro da humanidade, viemos destacar um dos temas que mais nos chama atenção e nos envergonha: o metrô de Salvador.

Fonte: Tribuna da Bahia

          Moramos numa cidade que, dentre outros aspectos, foi a primeira capital do Brasil, tendo um importante valor histórico e gerando atualmente o sexto maior PIB do país.  A cidade é conhecida pelo povo feliz e acolhedor e este convive com um grande problema em relação ao transporte público. Como se locomover na terceira cidade mais populosa do país? Como corresponder a essa demanda? O metrô foi uma escolha muito inteligente, nós sabemos. Alternativa para transporte com maior viabilidade tecnológica em relação ao antigo sistema ferroviário, além de reduzir a sobrecarga nos ônibus e os congestionamentos quilométricos. Porém, tudo isso só seria verdade se ele realmente estivesse pronto.
 Por volta de 1996 nós nascemos e acompanhamos, desde 1997, o lento crescimento do projeto do metrô. Em 2000, iniciou-se a construção. Doze anos se passaram e o sonho do soteropolitano se desgastava assim como os trens enviados pelo governo federal se desgastaram, guardados em galpões devido às obras atrasadas. Foi gasto mais dinheiro, mais tempo e não observamos resultados da melhoria que nos foi prometida.
Ademais, faz-se necessário refletir sobre o valor da tarifa do nosso suposto metrô, pois é difícil de entender como pode ele ser o mais caro – com um bilhão de reais já gastos –, o mais lento e o menor de todos os tempos com apenas 6,5 quilômetros (sendo que o projeto inicial é 41 km). Não podemos esquecer, ainda, que a segunda linha do transporte só começou a ser realizada com o pedido da FIFA para suprir a demanda no ano de 2014 devido à Copa do Mundo.
Temos que começar a fazer o benefício priorizando a nossa população e não a que vem de fora, tampouco por pedido de outros. Votamos e elegemos candidatos para que melhorem a nossa situação que não se encontra nada agradável e o senhor teve dois mandatos para fazer tais melhorias. Mas, como disse corretamente Gregório de Matos em seu poema À Bahia, o problema é que “Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna. [...] quem o dinheiro nos arranca, nos arranca as mãos, a língua, os olhos”.
Por isso, Senhor Prefeito, viemos através desta carta, abrir seus olhos para enxergar o que a sociedade inteira já cansou de ver. Entendemos que nada é tão fácil o quanto pensamos, mas sabemos que se faz necessário que medidas sejam tomadas, caso contrário, os problemas que enfrentamos em nosso cotidiano só irão se agravar. É fato que a aplicação de melhorias no transporte público não acontecerá em curto prazo e nem tampouco os políticos podem apresentá-las imediatamente, mas como tudo, é preciso dar início a projetos que visem, se não à total extinção, a amenização deste paradigma que perdura desde quando nascemos. Precisamos de um metrô que viabilize novas condições de transporte agora e isso é fato.
Soteropolitanos como somos, nos sentimos no direito de expor o que pensamos em prol da melhora da nossa tão querida e amada cidade, patrimônio histórico que não pode ser submetida a tal descaso.

 Agradecemos a atenção e compreensão.
Caroline Cajado



 Obs.: Os autores estudam no Campus Salvador.
Cassiano Gouveia


Rebeca Bispo




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